Dissertações e relatos de dois taberneiros sobre coisas mundanas...e não só.

29
Fev 08

Vesalio e DaVinci são dois amigos que frequentam este estabelecimento.

Amigos de longa data, têm em comum gostos e princípios que activamente dão a conhecer no seu quotidiano e relações. São ambos casados, mas esta circunstância em nada os arreda da sua grande paixão: A Anatomia Feminina.

Acho pertinente dar a conhecer que, tanto Vesalio como DaVinci, são uma analogia aos grandes génios do Renascimento de que curiosamente são homónimos, mas ao contrário destes que viveram numa época em que o Humanismo, Experiencialismo e Classicismo eram marcas e referências desse mesmo tempo, os nossos dois amigos vivem nos tempos de hoje, em que o humanismo é visto como uma fraqueza, o experiencialismo como oportunismo ou promiscuidade, e o classicismo (vulgo princípios e valores) como algo retrógrado e utópico. Não obstante, e com uma dose considerável de paciência, inteligência e algum bom senso, eles vão conjugando estes valores com os verbos do século XXI.

 

Voltando à paixão sobre a anatomia feminina que ambos cultivam, convém dizer que é algo que faz parte das suas vidas desde sempre. Sempre se interessaram pelo interior cor-de-rosa, e mesmo em idade adulta e já com alguma carga em cima, essa paixão continua viva, talvez devido ao simples facto de que uma mulher é, e será sempre, uma pequena caixa de surpresas, especialmente na área do intelecto!...

Passa-se o tempo, mudam as ferramentas do ofício, obras e obras editadas sobre o assunto, e continua a incógnita, continua o estudo…

Dissecação após dissecação, autópsia após autópsia, relações exumadas em prol de um conhecimento maior, cobaias após cobaias sacrificadas…e é aqui que estes senhores se destacam dos demais!!!

Têm abordagens diferentes, mas apesar desta minúcia eles dividem a mesma predilecção por algo retirado do classicismo que caracteriza o seu espírito renascentista: a honestidade.

Vesalio dá a conhecer imediatamente a sua condição de comprometido, e caso o caminho lhe pareça desimpedido e desempoeirado, parte imediatamente para a arte que eu aqui venho expor. Como é um anatomista de paixão, o seu conhecimento está restringido a essa área não se aventurando por outras ciências. O seu objectivo é apenas um: reunir o máximo de informação para derradeiramente completar o puzzle que tenta compor a todo custo desde tenra idade.

DaVinci é diferente…

Homem de difícil trato (aparentemente), tem a adornar a falange proximal do 4º dedo um anel talhado de ouro branco que faz por mostrar sem receio. Ao contrário de Vesalio, não expõem prontamente a sua condição de comprometido, pois segundo ele: “passava a ser o marido da… e não a pessoa que construí desde a nascença. Luto pela minha individualidade e recuso-me a perder a minha identidade!”.

Tem outra máxima que achei interessante, e que reza mais ou menos assim: ”Sou um livro aberto…mas não estou escancarado. Quem quiser saber algo sobre mim só tem que perguntar.” – Tem umas nuances filosóficas típicas do espírito renascentista.

 

Resumindo. São dois homens casados que adoram o sexo feminino, e apesar de não estarem autorizados pela lei que rege os matrimónios a praticarem dissecações, ainda cultivam o gosto pela anatomia do feminino…cingem-se à anatomia de superfície, topográfica e psicológica. Como homens de ciência são bastante inventivos e guardam apontamentos mentais das suas experiências, e que têm sido uma mais-valia aos que os rodeiam.

 

Termina aqui este prólogo, mas assim que possível voltarei a evocar os seus nomes…estou neste momento a escutar uma prosa entre eles, e ao que parece vai fundo…anatomicamente falando, é claro!!!

 


Inocêncio da Silva
publicado por Inocêncio da Silva às 16:12

19
Fev 08
Está quase meus amigos, está quase...

Devido à minha incursão por terras académicas vejo-me afastado deste local onde tanta falta faço...
Deixei a taberna entregue aos ventos e tempestades, mas o motivo é nobre e distinto.
Como os unicos pensamentos que habitam a minha mente são direccionados para este caminho que agora percorro, irei recorrer a um autor estranho a este espaço mas que me é muito querido...

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os
dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir
uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu
trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos
sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem
não
encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da
chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta
sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre
algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um
esforço muito maior que o simples facto de respirar. Somente a perseverança
fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.


Pablo Neruda


Aquele fraterno abraço de sempre
Inocêncio da Silva
publicado por Inocêncio da Silva às 17:28

12
Fev 08

No seguimento da minha última conclusão venho agora dar a conhecer os desenvolvimentos de tal remate…sob um ponto de vista masculino.

 

Concluo que todo o prevaricador é mestre na arte de bem agradar a sua respectiva companheira!

 

Após a edição do último post nesta nossa querida taverna, tive oportunidade de receber algum feed-back por parte de alguns digníssimos membros desta pseudo confraria que peregrinam pela minha existência, e que eu represento (ou faço representar) nesta virtual taverna.

Primeiríssimo ponto: os prevaricadores, libertinos, impúdicos, desonestos na arte do amor e afins foram os primeiros a identificar-se com o que foi narrado!

Sou levado a concluir que apesar de algo deste calibre ser uma completa surpresa para mim, o mesmo não acontece dentro deste restrito grupo que supra citei.

Aliás, penso que este tipo de informação tem cravado na capa o timbre de “ultra-secreto” e tal dossier só deve ser aberto mediante rígidas normas de segurança visando a mesma não se perder por entre o resto dos garanhões masculinos, correndo o risco de perder o seu potencial bélico! Sim, porque o conhecimento é poder, e quanto menos espalhado estiver esse mesmo conhecimento mais poderosos se tornam os seus detentores.

 

…agora que olho para o que escrevi, talvez será mais sensato da minha parte conter-me relativamente a pormenores. Não vá alguém encontrar-me caído numa sarjeta com a boca cheia de formigas…

 

…Ele é banhos de espuma, ele é jantares iluminados por mil velas multicolores, ele é flores sobre a mala do portátil, ele é bilhetes com juras de amor eterno dentro da agenda…enfim, todo um aparato de artimanhas cujo resultado pretendido é apenas um: narcotizar a rapariga a um ponto onde lhe seja impossível raciocinar devidamente.

Os pequenos deslizes que todos cometemos no dia-a-dia acabam por passar incólumes devido a esta apatia que vivem as “companheiras das raposas”. E o ardil é tão bem montado que mesmo que apareça uma camarada de armas (mulher portanto), e lhe dê a conhecer a verdadeira face do embusteiro, esta acaba por sucumbir perante a inércia da sua cega amiga…ou pior, perde uma amiga!

E elas, pobres e inocentes elas, vagueiam despreocupadamente num mar de tranquilidade desconhecendo por completo a coroa que o seu pseudo príncipe lhe coloca reiteradamente na cabeça, adornando não só os seus pulsos e busto com mil jóias, mas a cabeça também.

 Não posso deixar de frisar que apesar de ser desonesto por parte do promíscuo, as rapariguinhas andam alegres e satisfeitas como eles, e que aparentemente faz todo o sentido…ambos estão ou vão saciando os seus apetites!

 

Definitivamente, quando se fala de manhas e artimanhas ninguém bate os membros da Irmandade do 5º Membro… 



Inocêncio da Silva 

publicado por Inocêncio da Silva às 12:49

06
Fev 08

Não pude deixar de escutar a prosa de duas senhoras que se abeiravam deste balcão, encostadas a uma qualquer pinga que lhes ia servindo sempre que me era solicitado…

Aparentemente relatavam banalidades das suas ocupações, acompanhadas por galhofa e regadas com o que eu aqui vou servindo…portanto, nada de anormal!

 

A dado paragrafo, e enquanto eu limpava uma qualquer caneca de ferro plenamente absorto por tal tarefa, escuto por parte de uma das jovens senhoras a seguinte afirmação que me fez despertar de tal inércia:

 

“…desde que ele me trate bem o suficiente, pode trair-me que eu nem me importo muito!”

 

Ora, tal frase fez tilintar algo em mim… não é sempre que ouvimos uma mulher dar a conhecer a chave da excepção para algo tão sagrado … a (in) fidelidade!

 

Agora que as moças saíram dou comigo a remoer aquela frase, e unindo a minha audição ás minhas lembranças e práticas, vejo aproximar-se no horizonte do meu entendimento uma caravela cuja silhueta se vai deixando desenhar…

Ao que me foi dado a depreender segundo as palavras daquela moça, desde que lhe seja nutrida a luxúria, o seu respectivo companheiro pode apunhalar o relacionamento que têm, com um relativo consentimento e conivência da mesma.

Achei fascinante esta abordagem na medida em que dá a conhecer o peso destes distintos aspectos que fazem parte de uma relação – fidelidade e atenção – tendo as mesmas, alguma afinidade.

Não posso de deixar de pensar que a possível traição, devidamente encapotada sob um manto de agrados e prendas, consiga ocultar totalmente a cauda do embuste…mas ao que parece “…não parece que se importem muito!” desde que lhes atulhem a barriguita de oferendas e afins, o sono que se avizinha adormece os sentidos a um ponto que tudo aparenta ser normal e aceitável…

 

Há excepções é certo, há mulheres cujo peso de um e de outro valor é diferente daquele que eu dou a conhecer nesta narra, mas hoje não me apetece falar sobre as ressalvas…estou demasiado interessado nesta oferenda, além de não ser todos os dias que as mulheres deixam escapar alguma informação deste calibre! 

Inocêncio da Silva

publicado por Inocêncio da Silva às 13:03

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