Sempre (ou quase sempre) que me dirijo a qualquer repartição, associação, reunião, congregação, dependência, ministério, secretariado, etc (penso que ficaram com a ideia…), acabo por atestar que o responsável máximo, ou bem próximo disso é um elemento do sexo feminil.
Elas ocupam cargos de alto comprometimento, com o poder a corresponder com essa posição, e apesar de não terem o protagonismo nem o notoriedade do responsável máximo, são elas que ocultamente mexem os cordéis da instituição, repartição, etc, etc…
O que se passa com os varões do meu Portugal? Pergunto eu a vós que vêm até mim, e a todos os confrades desta taverna.
É certo que as caras que nos aparecem por esses noticiários e jornais fora são másculos, mas elas estão presentes na sombra, logo atrás do Sr. Director ou do Sr. Ministro…sorrindo na fotografia, despercebidamente.
Poderão perguntar: - “Ah e tal ó Inocêncio, porque carga de água é que te foste lembrar de tal coisa?” – Ao que eu respondo: - “Esteve agora mesmo aqui um camarada meu que se inscreveu num curso, e ao que parece é um dos poucos homens na sua turma!” –
Quem anda por essas escolas, institutos e faculdades fora, facilmente identificará este fenómeno de que me fala este parceiro.
A verdade é que os homens cedo traçam objectivos, mais ou menos concisos, sobre o seu futuro e raramente se desviam desse trilho.
Analisam (alguns) o mercado e traçam fortemente os objectivos a alcançar, com uma dose de ambição q.b., e assim que parte ou totalidade do objecto é obtido é vê-los encostados á ilustre “bananeira”, usufruindo dos louros. Tudo simples, objectivo e muito pratico…á boa maneira máscula, por assim dizer.
Estes marialvas têm todos uma máxima em comum, que é alcançar cedo o que quer que seja que eles tenham concebido como condição ideal, e goza-la em pleno…quanto mais cedo melhor, libertando-se assim de qualquer entrave á sua estroinice.
Seja um curso, emprego, casamento, paternidade, tudo planeado com tempo, peso e medida…e assim que estão na sua mão é o descanso, a tranquilidade.
São humildes na dose de ambição, limitando-a a limites razoáveis e dentro do seu alcance…assim que o orçamentado é alcançado, por assim dizer, tudo o resto será lucro.
A sociedade está tendencialmente mais virada para o masculino, logo as infra-estruturas favorecem o homem em desfavor da mulher, e tudo parece apadrinhar quem põem a navalha na cara, mesmo sem ter que provar grande coisa a quem quer que seja.
Terá que haver derrotados para que haja vencedores, subordinados para que haja subordinantes, povo para que haja políticos… inclusive todos estes adjectivos e substantivos que acabei de enunciar são também masculinos, irónico não?
Não existe grande necessidade de procurar onde é o lugar de um homem na sociedade, pois o próprio Português encarrega-se disso, é amplamente aceite por todos, todo muito democrático, tudo politicamente correcto, arrisco até religiosamente aceite.
Já elas…… são outros quinhentos paus, ah pois é!!!
Ostracisadas (porque não) no seio da própria família e na sociedade em geral, e não lhe sendo depositada grande esperança sobre um futuro brilhante, são revoltadas inatamente.
Se para um homem o caminho é a descer, para uma mulher é a subir, e pleno de dificuldades. Ele são preconceitos, ele são desconfianças sobre o seu profissionalismo e capacidade, ele são constantes assédios inerentes á condição de mulher, enfim um variado leque de “pedras no caminho” que estoicamente elas contornam…ou tentam.
Apostam vigorosamente na sua formação, pois sabem que será a chave que lhes abrirá as portas onde se escondem as suas ambições. Não estabelecem tempos para atingir as suas metas, ao contrario dos homens, podendo assim calmamente escolher as armas que irão usar no futuro.
Têm presente que, aquando uma escolha entre candidatos para um determinado lugar, a quantidade de linhas de um Curriculum Vitae pode determinar a escolha, e terão que superiorizar em larga margem as de um candidato masculino se assim for o caso, pois esses marialvas têm pontos a seu favor que são próprios da sua natureza masculina, da sua condição de macho.
…e elas têm apostado no Curriculum Vitae meus amigos. Basta percorrer escolas, faculdades, institutos de formação e afins para facilmente constatar a veracidade do que aqui vos dou a conhecer. O seu número bate aos pontos os que a camada masculina dá a conhecer em termos de estudantes.
São calculistas por força de uma circunstância opressiva criada por nós, homens, e tal distintiva tem dado os seus frutos.
“Estamos a ficar na retaguarda meus amigos, e temos poucos argumentos além daqueles que Deus nos deu. A nossa força começa a ser aproveitada friamente por elas, com peso e devida medida…e ainda estamos no início.”
A pressão a que estão sujeitas, por vezes criada por elas próprias, leva-as a nunca se esquecerem o porquê das suas demandas pedagógicas, e tenazmente avançam pelo ensino deixando os valdevinos e pândegos pelo caminho.
Um dia mais tarde voltarão a se encontrar, mas por essa ocasião já não serão da mesma "altura"…
Inocenciodasilva