Dissertações e relatos de dois taberneiros sobre coisas mundanas...e não só.

28
Set 07

Ficou-me na memória um episódio da minha vida que, pelos motivos que passarei a relatar, me marcou profundamente e moldou a minha forma de raciocinar…

Talvez por ter a taberna entregue aos ventos e ás moscas, alem de o Lazaro ter arrepiado atrás de uma saia que passou pela porta e de me encontrar só, invade-me uma nostálgica melancolia, portanto desculpem-me…

 

Um dia, enquanto comia com amigos e em calma cavaqueira, fui abordado por um homem que me pediu um paivante (cigarro) …este homem já se tinha humildemente acostado a outras bancas com a mesma súplica, com o mesmo desejo, sendo-lhe recusado em todas, de forma mais ou menos educada, ou através da indiferença de alguns quanto á sua simples figura. Mal trajado, apresentava-se com uma farpela de trabalho, suja e gasta, e as suas mãos tinham gravadas a dureza do seu labor, a forma do instrumento com que operava, e rugas que invejavam qualquer crosta de arvoredo…

Pareceu-me um homem bom, apenas punido em demasia pela severidade da vida, pela injusta retribuição de quem trabalha duramente, e tão injusta é que por vezes um ordenado no bolso não chega para levantar o olhar aos demais.

 

- “Desculpe senhor, por acaso não tem um cigarro que me possa dar.”- Pediu-me o mais educadamente que podia e sabia.

- “ Claro, e leve dois…um fica para o caminho até casa.” – Respondi, enquanto estendia o braço com os tão desejados cigarros, ostentando o meu tão característico sorriso.

 

O homem deteve-se ao segurar os cigarros na mão…e chorou ao olhar-me.

Chorou como uma criança, com o mais puro sentimento, com o coração…sabemos reconhecer as lágrimas que brotam do coração quando as vemos, e eu vi.

Sorri apenas, e admirei o poderoso resultado de tão simples acção, que mesmo desprovida de interesse, conseguiu tocar no mais fundo que aquele homem tinha…na alma.

Decerto nunca esperou que o mais jovem macho que se demorava por aquele sítio fosse capaz de tal acção, e superando tudo e todos, mostrou-lhe uma atenção que talvez a vida á muito lhe tinha negado – “ …um fica para o caminho até casa.”.

Aprendi que o mais simples gesto, pode marcar uma vida, pode alterar uma vida, pode mudar o mundo…aprendi que qualquer gesto, palavra, pensamento, feito, dito ou pensado por o mais insignificante ser, move montanhas…

 

Tentou retribuir o meu gesto, e disse-me: - “ Esse seu queixo é o queixo de um homem forte, a forma dele diz isso.” Exclamou ainda entre lágrimas e soluços.

Tentou dar-me algo que pudesse fazer o mínimo de justiça ao meu gesto, e deu-me a conhecer parte da sua sabedoria.

- “O meu queixo…” lembra-me de ficar a pensar enquanto esfregava o mesmo.

Quem me conhece, conhece a minha força nas palavras, gestos e pensamentos, portanto ele tinha razão.

Ou talvez não, talvez estivesse enganado, mas a partir daquela altura comecei a acreditar mais em mim, na minha força, e hoje sou o homem que acabei de descrever.

Dizem que os Anjos usam a boca dos mortais para dar a conhecer mensagens suas a todos os que carecem de indicações…e eu bem precisava de um rumo naquela altura.

 

Não vou entrar em moralismos nem filosofias, mas acredito que as nossas acções têm sempre um retorno, e em triplicado, e desde esse dia tenho vivido com esta máxima no coração e decerto irei leva-la para a campa.

Recordarei eternamente o momento em que um jovem fez um homem adulto chorar com apenas dois cigarros…e dois cigarros foram um preço muito baixo para o que levei em troca: Honestidade, Coragem, Integridade, Altruísmo, Caridade e Bondade…

Eu tinha 20 anos.

 

- “Muito obrigado bom homem, onde quer que estejas…”

 


Inocenciodasilva
publicado por Inocêncio da Silva às 18:36

26
Set 07

Não é a primeira vez (e certamente não será a ultima) que chega á minha consideração de “barman”, certos casos em que um dos elementos da equação chamada casamento ou relação, se deixa apaixonar por outro(a).

Em primeiro lugar eu não tenho estudos para ser reconhecido como “barman” e como tal reduzo-me á qualidade de taberneiro, orgulhosamente é certo, mas com a humildade o suficiente para reconhecer o meu lugar nesta rua que se chama Vida; em segundo lugar, tenho a ideia que este aparente paradoxo, parte de uma forma errada de rotular todo o sentimento inerente a uma relação entre duas pessoas de sexo diferente, e que em determinada altura se acompanham na vida.

 

Não acredito no amor, pelo menos sob a forma que a sociedade o concebe.

 

Sei que é algo polémico da minha parte deitar ao chão tão altivo, digno, idolatrado, inspirador, famigerado, faustoso, motivador (etc. …) e muito desejado sentimento, mas tenho as minhas razões (ficará para uma outra ocasião a dissertação sobre as mesmas…), e uma delas é-me dado ao raciocínio por estes casos tão em voga nos dias que correm.

A verdade é que facilmente se confunde amizade, desejo e intimidade, com amor. E como o amor é fiel a uma só pessoa (dizem), as mentes mais incautas e distraídas tende a perder-se num labirinto de interrogações do género – “Como posso amar duas pessoas ao mesmo tempo???” – e ao que eu respondo – “Claro que se pode!!!”.

Se esquecermos por momentos que o sentimento “amor” existe, facilmente descortinaremos que tanto a amizade, desejo e intimidade podem ser sentidos por varias pessoas ao mesmo tempo, certo?

A fidelidade amorosa é meramente um conceito que se apoia num acordo baseado no respeito por um compromisso assumido e habita em nós, e não exteriormente.

A fidelidade a uma esposa, namorada, ou companheira é a projecção de um respeito por este conceito que é regulamentado pela sociedade em que estamos inseridos.

O amor é um fantasma, uma miragem, que dá a conhecer traços da sua forma mas que nada revela de concreto quanto á sua figura verdadeira…e eu não acredito em fantasmas, lamento.

Expomo-nos no mundo através das nossas palavras e das nossas acções, e por estes traços somos identificados como isto ou aquilo…e os pensamentos? Essa subtil e tão pouco densa matéria que faz parte de todo o ser, será fiel? Venha o aldrabão e atire a primeira pedra pois nunca prevaricou com o pensamento…

 

- “Tens uma assustadora lógica Inocêncio, mas não sei bem porquê parece fazer todo o sentido…sinto-me enganado, traído por mim próprio, entendes?” – Exclamou ele.

 

- Agora que viste a verdadeira forma do fantasma, o medo desaparecerá e poderás ver as tuas emoções sem amargura e goza-las em pleno. Podes ir, esta caneca é por minha conta…aquele abraço fraterno e confuso amigo.

            Inocenciodasilva
publicado por Inocêncio da Silva às 14:40

22
Set 07

De tempos em tempos, esta vossa taverna terá um espaço reservado a conselhos, sugestões e propostas, para aquela rapaziada que não vence no mercado ou tem grandes dificuldades em vender a sua mercadoria. Será uma vertente do tipo “serviço público”, mas sem a parte subsidiada por parte das autoridades competentes…só faz falta quem está, ah pois é!!!

O mercado a que me refiro, tem a designação de “engate, conquista, sedução…” e a mercadoria vendável será o corpinho propriamente dito.

Nesta primeira iniciativa de serviço público, que será afixada numa das nossa velhas e gastas paredes sobre a forma de pasquim, vamos debruçarmo-nos sobre a primeira vertente (engate, etc. …) e terá um carácter de sugestão e parecer…

 

Na minha humilde opinião, existem “programas” de saída a dois que reduzem em larga margem a probabilidade de levar com um NÃO redondo, e os consequentes efeitos secundários no ego masculino…

 

A coisa funciona desta forma:


  • Depois de se conhecer os gostos e costumes da presa, elabora-se um serão/dia/momento, de acordo com a informação previamente recolhida;
  • Depois de projectada a dita saída a dois, de características vincadamente românticas, dá-se a conhecer o teor da mesma ao alvo em questão;
  • As surpresas farão parte do plano mas ficaram de fora do “briefing”, por motivos óbvios…mas são parte indispensável da cabala.

 

Como o contexto da saída tem características algo especiais, com uma mensagem bem clara sob uma forma algo subtil, e caso a presa aceite fazer parte dessa mesma saída é porque não lhe é indiferente o motivo de tal investimento. Por outras palavras, há disponibilidade e interesse pelo predador, faço-me entender?

 

Estas (e outras…) informações foram-me disponibilizadas pelos Casanovas e Dons Ruans que vem tragar ao nosso estabelecimento, e que escassas foram as vezes que os vi afogar magoas e penas nas minhas púcaras de ferro…portanto devem ter alguma sapiência.

 

Que tal a iniciativa? Só falta o subsidio…isso é que era de valor.


Inocenciodasilva

 

publicado por Inocêncio da Silva às 18:37

20
Set 07

Boas noites meus convivas...agora que a noite vai alta e o meu irmão inocêncio atende os ultimos bafos e desabafos,numa noite em que o rouxinol ha muito tomou o lugar a cotovia ...me pergunto...pq sera que ninguem de vos meus distintos confrades comentou os meus posts???

Serei sarnento por me ter Lazaro na minha Graça?

 

 

Aqui fica a minha interrogação ..... não duvidando da qualidade extrema de meu fraterno similar nem tão pouco do meu calcurrilhar gramatical..... como anunciava o outro..Porque Será?

 

Os meus saludos....

 

 

Lázaro

publicado por tavernacanecadeferro às 20:45
sinto-me:

Tenho uma leitura espalhada na tábua do balcão…óculos suspensos na ponta da pródiga penca, legado do meu virtuoso progenitor. Debruço-me sobre a dita e sobre o lance que vejo para lá do véu feito de silhuetas, que me separa do casal que se acomodou na mesa mais recôndita que temos na casa…

Ele, na casa dos vinte e poucos, pleno de vigor e virilidade mas algo inexperiente nestas coisas das conquistas;

Ela, mulher acima das trinta primaveras, com toda uma vida de amores e desamores, irreverência e arrojo.

 

Esta relação algo estranha entre duas criaturas com esta divergência de idade, habita o imaginário dos mais incautos mancebos.

Qual o jovem que nunca ambicionou ser abatido por uma mulher mais velha?

 Esse desejo aparece logo após as primeiras voltas no carrossel do sexo, e vem de uma insatisfação relativamente á pouca frequência das “voltas” e da velocidade das mesmas…motivado pela verdura deles (incautos mancebos) e das suas companheiras de relação, muitas das vezes também inexperientes.

Ele espera desta distinta e tão ambicionada dona, alguma audácia, algum arrojo, algum desprendimento dos preconceitos marcadamente moralistas, mas sempre com a convicção de que tem a situação sob o seu controle, sob a sua alçada…mas está enganado.

Tem uma ideia preconcebida sobre a dita relação, e prepara-se física e psicologicamente para a primeira volta no supracitado “carrossel”…tudo controlado, tudo estudado, tudo planeado…mas não sabe o que o espera!

A verdade é que, aparentemente, este jovem conquistou algo que outros tentaram e falharam. Sente-se algo aparte, mais elevado do que os demais, até porque tem nas mãos o troféu que outros tentaram alcançar…ironicamente quem foi “caçado” foi ele, e sem que desse conta disso.

São predadoras na forma de actuar, e dão a entender que estão “feridas”  deixando os pseudo predadores rondar as suas feridas, e depois de escolhido o alvo…acabam aqui na nossa taverna, a temperar a carne fresca e tenra que vão consumir por algum tempo…e ele nem se apercebe do “perigo”.

O “perigo” a que me refiro, está situado entre quatro paredes e desprovido de farpelas, e será quando o incauto mancebo se irá aperceber no buraco em que se enfiou. Sem escapatória, bem pode amarinhar pelas paredes que nada o safará de uma valente “tareia” que ficará na sua memória para o resto da sua vida.

Uma mulher acima de certa idade, não tem mais nada a provar a quem quer que seja, alem de já duramente ter constatado o quanto inútil é tal demanda. Pegando nesse desprendimento, leva-o para a cama juntamente com alguém, e busca o prazer onde sabe que ele se esconde…conhece o seu corpo bem demais e tal tarefa não será intricada.

 

 - Um aviso á navegação…se já fizer algum tempo desde a ultima vez que o padeiro passou na rua desta senhora, o melhor é arranjar uma forma dela soltar algum vapor (tipo no carro ou num sitio publico), ou arriscam-se a que o vosso amiguinho não vos dirija a palavra durante dois ou três dias…

 

Apesar, e como referi á pouco, de se tratar de algo com características de mito, tenho tido oportunidade de constatar que se trata de algo muito comum nos dias que correm.

O silêncio a que se remetem estes "putos", só é quebrado passados alguns anos, recordando com doce nostalgia o dia em foram “comidos” ao invés de “comer”, passo a expressão.

Na verdade, anda por estas ruas fora, muito catraio que foi desflorado por “cotas”, uns mais do que outros, de forma traumática ou não, á força ou a favor (não disse que sim mas também não disse que não…), e que guardam este caloroso episodio, com alguma ternura e saudade…

 

- Levantaram-se…estão de saída. Já são horas de recolher e forçosamente terão que se ir deitar…agora se é hoje que o predador tem o seu festim, não sei.

Assombra-me a nostalgia de um dia ter dado aqueles passos que agora vejo outro dar a caminho da incerteza, do desconhecido, do nervoso miudinho…e para nunca mais voltar a ser o mesmo. –

 

Inocenciodasilva
publicado por Inocêncio da Silva às 19:18

15
Set 07

É certo e sabido que as mulheres são criaturas algo difíceis de interpretar/decifrar…

E de agradar? Será que a coisa está mais facilitada, ou até tão digna acção tem contornos de drama?...

 

- “Até amanhã bom amigo, e paciência porque não há nada a fazer…não podemos viver com elas nem sem elas.”


– Despeço-me deste rapaz, casado já faz algum tempo…tempo o suficiente para que a rotina e a cómoda monotonia se tenham instalado na sua morada e no seu coração. Sei que não levei grande conforto á sua alma com as minhas palavras, mas dei-lhe companhia e um ouvido para o desabafo…que convenhamos, pode ser o suficiente em certas ocasiões.

 

O episodio que vos vou passar a relatar, foi me dado a conhecer pela palavra deste homem casado, que numa noite e entre lençóis, se deixou levar pela inspiração e alguma audácia e arriscou rasgar a monotonia que se tinha teimosamente instalado na sua cama.

Levado pelo desejo, e dando a conhecer á sua companheira a sua intenção, este incauto rapaz embarcou mais uma vez no barco do sexo…mas ao contrario de outras viagens, desta vez arriscou mudar de rota e arrepiar caminho por aguas nunca antes navegadas.

Reservo-me o direito de nada mais revelar em termos de pormenores sobre o que se passou entre o casal em tão atribulada jornada, até porque ficaria mal…alem de trair a confiança em mim depositada.

 

(…)

 

Passou-se algum tempo desde a dita noite/viagem, mas a propósito de nada surgiu uma questão por parte da esposa:

 

“Tens outra?”

 

“Não, mas porque perguntas?”

 

“Por nada…”

 

O nosso amigo foi incapaz de deixar tal dúvida suspensa no ar, e aproveitando um momento mais sereno de um qualquer serão, quis saber o porquê de tal questão.

 Não obstante, nunca fiando até porque as mentes das jovens esposas estão contaminadas por uma imaginação extremamente fértil em termos de infidelidades, injectada em base diária por novelas, plenas de promiscuidade e libertinagem.  

 

“Porque raio me perguntaste se eu tenho outra pessoa? Dei-te algum motivo para desconfiares de mim?” – Pergunta muito sensata a meu ver…

 

“Porque andas com umas ideias meio estranhas a meu ver…” – Referindo-se á tal atribulada “viagem”.

 

Em abono da verdade, e também deste relato, devo dar a conhecer a verdadeira fonte da inspiração deste meu amigo em matérias sexuais. Tem o nome de “Pornografia” e passa a horas menos próprias para crianças em alguns canais da famigerada tvcabo.

Não que o homem seja destas coisas, mas o “zapping” televisivo tem destas surpresas…principalmente depois da uma da manhã.

 

Não esperou nem mais um dia e revelou o citada fonte á sua esposa…

 

“…eu vi logo, os homens são todos uns tarados e tu não és excepção.”

 

Ora, em que ficamos? Terá um Homem que se remeter a uma vida sexualmente monótona apenas porque, ao arriscar algo novo, poderá ser acusado de infiel?

Que ideia têm (algumas esposas/companheiras/namoradas) sobre os seus homens, que as leva a crer que se ele, de repente, ao tentar fugir á rotina na horizontal, tem que forçosamente estar sob influência de outra mulher? Nunca terão ouvido falar de “autodidactas” ou “iniciativa própria”?  

E terão os homens do meu Portugal que se abster, fugindo até, de qualquer forma de pornografia, sob pena de ser rotulado de “tarado”, mesmo que seja apenas para fins pedagógicos?

Em que ficamos senhoras???

 

“Não admira que os homens andem sempre ás avessas com as mulheres, ninguém as entende!!! Livra…”


Inocenciodasilva

 

publicado por Inocêncio da Silva às 20:20

14
Set 07
A fasquia dos 100 visitantes já faz parte do passado...e parece que ainda ontem me sentia indeciso relativamente á ideia de criar um blog...
Quero agradecer, do fundo da minha alma, coração, amago, etc a todos os que me apoiaram, colaboraram, opinaram, COMENTARAM, e me têm ajudado nesta nova jornada da minha vida, já de si tão atribulada.
Um especial agradecimento a todos os membros da Tertulia Azul (eles sabem quem são...), pela forma como me tem dado a conhecer alguns episodios das suas vidas, algumas algo intimas, e que tanto têm enriquecido a minha vida e este espaço.
Quero reforçar a ideia de que este espaço é vosso, sendo eu apenas um interlocutor com aspecto tabernesco, que vem a publico dar a conhecer vidas, experiências, receios e anseios, intimidades e conjuras...
Isto é só o inicio...

Muito obrigado.

      Inocenciodasilva
publicado por Inocêncio da Silva às 16:30

10
Set 07

Boas noites e bom lume...bons ventos e boas marés,aqui estou eu de novo...Lazaro Alvares, velho lobo do mar que acostou a muitas luas neste porto de abrigo e na companhia de seu irmão de armas Inocencio decidiu abrir um estabelecimento para dar de alimentar as almas....

Pois eu vejo que a noite aqui vai lançada...vejo canecas que brindam a luz da lua...risos que se perdem no marasmo do palato e do sentir...vejo mulheres,donzelas,damas de corte e companhia...temos o sitio a arrebitar e eu agarrado a escriva...sera por pouco tempo....

 

Venho relatar a historia de alguem que um dia aqui entrou com o coracao numa mão e com a bolsa aberta na outra querendo sorver os meus conselhos mas acima de tudo o nectar que aqui se vende....disse-me ele..."Lazaro meu amigo vos que ja tanto conhecestes dize se encontrais mai nobre e tragica melodia do que a sina que vos irei contar"

Rezo entao o seguinte...eu um marialva durante anos a fio em que o desdem pela mulher e seu sentimento era tao grande como a atraccao e respeito que tal ser me crivava....

Um dia depois de mais uma das minhas colheitas de prazer encontrei num dia,numa noite,nao sei dizer ao certo pois tamanha foi a pancada, um belo Ser...daqueles entre a serpente e o anjo...que so o poema mais gentio das terras dos homens com tez escura me fazem rescuscitar a memoria....Pois bem...dela me enamorei e em breve entreguei o meu coracao....nao foi esforço dela algum...apenas talvez o cansaço meu de tanto estouvar que necessitei de repousar num regaço....e que regaço...que paraiso tal encontreio no seu sorriso....

Esse ser logrou-me dizer um dia..."gosto muito de ti e acho que estamos destinados um ao outro...mas tenho que te contar um segredo...." a Biltre era casada...vociferou o meu irmao Inocencio quando ao longe,pois se encontrava em arrumos, tal melopeia ouvia..." Não,não era tinha no entanto um primogenito fruto de uma paixao doentia da sua adolescencia...e tal segundo dizia era impedimento de ser feliz...o meu comparsa ...num espirito de altruismo que nunca vira continuou dizendo..."sendo assim eu disse que tal nao e impeditivo,tal nao e obstaculo venha o rebento que mais se farão! Mas eis que aqui a teia se adensa...e a aranha continuou...."o pior dizia ela e que o meu ex-companheiro de virtuosas nuvens etereas de prazer ainda vive comigo em regime de partilha de casa apenas...."bem, o meu amigo engoliu em seco antes de continuar...eu apertava sem pestanejar as goelas de uma caneca enquanto a lavava das magoas de outro cliente e Inocencio resmungava qualquer coisa inaudivel mas muito pressentivel....

Continuando....Este novo Ghandi do Amor aceitara sem pestanejar tudo o que dai em diante passara....ela nao dizia que tinha outro homem e companheiro,nao mudava de casa,nao abdicava de jantares noites de apenas companhia do seu anterior "esposo" e o compa

nero tudo tolerava...Ela ama-me...dizia ele....nem quando ela disse "cuidado,um dia ele descobre e pode te tentar comunicar e fazer passar que ainda partilha a alcofa comigo..." dito e feito...passados uns tempos tal aconteceu....e o meu amigo somente disse...eu ja previra e nao liguei...mas....Ha sempre um mas nao ha? como a noite antecede a madrugada...ha sempre um mas.....Mas o pior e que ela depois lhe deixou em mensagem a seguinte missiva....Temos de falar sobre algo que aconteceu....Pois foi caros leitores....Ela socumbiu aos encantos do ex-futuro-ex qualquer coisa....mas jurando a voz alta que nao era ele que amava...que pretendia o perdao pois era uma vez sem exemplo...e o que fez o meu cazzanova que conhecera intrepido e mordaz...tal como um Nero de bons espiritos esticou o polegar para a frente (E nao para cima como narram os filmes) e deu-lhe o perdao...Ele perdoou...e pensar eu que vira tudo...de Sodoma a Gomorra....mas nao...ainda ha crentes neste mundo....

Escusado sera dizer e para nao perlongar muito a historia pois tenho cadeiras para arrumar e um chao imundo de pecados para lavar...que as coisas correram mal e bem...com quedas e subidas, a moça voltou para o seu ex que agora era futuro...mas pq nao o amava...mas nao conseguia viver com o dono do seu coracao sabendo que o traira...que coisa bela...que linda trama kafkiana...(passo a publicidade ao Zezé Novais)

A poucos dias...o meu amigo entrou com o coracao a rejubilar....voltou para a dona do seu coração e o pecado e a mentira foram apenas padrinhos da "relação" nao teem de ser constantes....Assim eu espero...mas de vinha fraca nunca saira boa uva .....

Sera o amor uma constante nos erros da humanidade...sera a unica coisa que uma equacao nao pode prever ou passar para o papel? Ou sera a esperança de que a felicidade seja a coroa de louros dos campeões das olimpiadas do sonho?

 

Bem ...ja me estico por aqui... continuo nas minhas andanças....

 

A todos uma boa noite....

 

Lázaro.

publicado por tavernacanecadeferro às 22:03
sinto-me:

A pedido de varias famílias e de alguns signatários da pseudo-confraria deste blog, venho por este meio dar a conhecer ao publico em geral, que:

 

- Vou aligeirar a linguagem utilizada neste blog, e consequentemente o seu vocabulário.

 

Têm vindo pessoas ao meu encontro que me dizem: - “Ah e tal, preciso de um dicionário para ler o que escreves e é por isso que não comento…”

Se essas pessoas soubessem que a minha vontade é de lhes dar um valente ensaio de pancada, fazer-lhes a cara num bolo ao ponto de nem as suas próprias mães os conseguirem reconhecer, e esconder o corpo para só ser encontrado por cães pisteiros passado meses, já em elevado estado de decomposição…certamente não abririam sequer a matraca.

 

Ora anda um tipo ocupadíssimo (eu), a esmerar-se na escrita para dar alguma luz á minha rapaziada, e leva com estas…e logo eu que só quero o vosso bem!!!

Se precisam de um dicionário, VÂO BUSCA-LO …sempre ocupavam o vosso tempo com coisas que efectivamente acrescentam algum ás vossas mentes, em vez de andarem a perder tempo com os canais temáticos da tvcabo, dobrados em espanhol e que passam filmes depois da uma da manhã (contaram-me…).

 

Tendo em consideração o que foi descrito, penso que não haverá motivos para se absterem de comentar este digníssimo, valorosíssimo e estimado blog vosso…senão vão ter que levar comigo em cima, e ao melhor nível do macho lusitano…sem cinema nem jantar, só cama.

 

- Ah, não te estejas a rir que o primeiro(a) a apanhar podes ser tu… –

 

    Aquela cordial saudação deste vosso amigo.


              Inocenciodasilva


        

publicado por Inocêncio da Silva às 20:53
sinto-me:

05
Set 07

Segundo o dicionário:

 

1. Segurança íntima ou convicção do próprio valor;

 2. Segurança de alguém que crê em alguém ou alguma coisa; certeza;

3. Crédito;

 4. Ânimo;

 

Mas como se expressa tal distintiva no relacionamento humano? (leia-se “engate” ou “graxa aos superiores”).

E qual a verdadeira utilidade de tal característica?...

 

Ora vamos invadindo, vamos assentando, vamos pedindo porque aqui nesta nossa taverna, ninguém pia ou medita de goela seca…

 

Acabou de entrar pela nossa entrada dois casais, aparentemente amantes, mas que deixam transluzir algum desconforto quanto á companhia, e mesmo ao ambiente desta taverna. Sou levado a aprontar que se enamoram á pouco tempo, ou não é povo muito dado a ambiências onde ninguém sabe o seu nome…

Um dos machos entrou de carola elevada, mirar firme e porte nobre guiando pela mão uma cachopa de igual postura. Pela sombra surge um outro par, mais cabisbaixo, mais quedo no olhar, mais morno…apesar de ambos os machos serem da mesma compleição física, o segundo parece-me muito mais baixo.

 

Sentaram-se…

 

A aparente confiança que demonstrou o mais “alto” homem ao entrar na taverna, esbate-se agora perante a minha imponente figura…encarnou bem o personagem, com todos os pormenores e cuidados, mas faltou coragem para levar a cena ate ao fim.

 - “ Tem potencial, pois já conhece os traços…” – pensei para com os meus botões.

Enquanto pedia a sua birra, os braços da sua companhia envolviam-se no seu membro que mais perto se encontrava (braço direito), tal qual uma jibóia esganando a sua presa.

Também se deixara quebrar pelo meu olhar, e procurava algo que a acolhe-se, protege-se, que lhe desse segurança, confiança, nem que fosse por momentos…e o amante inspirava-lhe esse calor. Apesar de não ser o mais vigoroso homem desta terra, o seu carácter dava-lhe uma índole que inspirava confiança, conforto e alguma ousadia. Claramente a postura que adoptamos para nos apresentarmos assim que saímos de casa, pela fresquinha, diz e magnetiza positivamente o nosso dia/relação/actividade e afins…

Por outro lado, o outro macho que se assentava do outro flanco da banca, contrasta em larga margem com o seu parceiro masculino. Em verdade digo, que dificilmente a moça que o acompanha se manterá á sua beira, tal é o interesse que o outro macho lhe desperta (ou a sua confiança).

 Sim, talvez se faça acompanhar por ele em alguns passos das sua vida, mas com que motivo? Estima, solidarização ou mesmo pena? Nascerá algum pomo de condão de uma árvore plantada em tão ruim chão? É certo que as coisas não são tão lineares como eu as narro, mas a verosimilhança atemoriza a agudeza em abundância q.b…

Acredito que todo o homem tem latente em si a faculdade de se tornar aquilo em que ambiciona, seja mundano ou etérea, incluindo aquela índole que irradia bem-estar e confiança a todos os demais confrades…terá é que haver vontade e alguma sensibilidade para o fazer.

Adiante…

 

Conclui-se portanto que para que viva uma consistente afirmação social terá que haver confiança. E isto aplicasse a todos os campos do relacionamento social (para quem quer afirmação, como é obvio…), e apesar de latente em todos, por vezes encontrasse adormecido…portanto pode ser desenvolvido, deve ser desenvolvido. É uma capacidade que dá muito jeito nos tempos que correm, onde a disputa é cruenta.

A teimosia assemelha-se com a confiança, isto á vista desarmada, mas a diferença está nos fundamentos que uma tem e outra não.

A confiança argumenta a sua natureza, enquanto a teimosia está vazia de conteúdo e um dos rios que alimenta o seu caudal é o orgulho…o típico “não dar o braço a torcer”, tenha razão ou não.

É claro que sempre dá para a galhofa, pois quem é que nunca argumentou com alguém, e apesar de saber que o tipo até tem razão, só para ver até onde a sua convicção vai?...

Consegue-se ver a corja a vacilar quando seguramente afirmamos e justificamos a nossa deliberação, mesmo que seja da mais disparatada natura. Ah, mas com toda a integridade e porte, claro…

Para que se tenha uma ideia de como a confiança (ou a falta da mesma) se traduz no nosso quotidiano, deixo este exemplo: Os larápios que poisam nesta taverna, piam que quando elegem alguém para rapinar, preferem os cabisbaixos pois dali não virá muita ou nenhuma briga…dá que pensar, não?

 

 

 - “Então boa tarde e até á próxima…”- diz um dos casais ao atalhar pela minha fronte a caminho da porta. Aceno com a cachimónia e devolvo a despedida…repito o gesto ao passar o casal mais “baixo”, e ao que o macho me devolve um mirar fundo, tanto de respeito mas de algum convencimento. Parece que habita ali alguma força, alguma vida…está agora a começar a existência entre as multidões, e nem sempre a coisa é dócil e talvez dai o seu apago.

 Aquele olhar…faz-me lembrar alguém.

Alguém que conheci já faz alguns Invernos, e que guardou a alma na algibeira para um dia de chuva. Amadureceu, endureceu, e quando nasceu tornou o seu portador um dos mais íntegros, orgulhosos, confiantes e honestos homens que conheci…

 

Veio a chamar-se Inocêncio da Silva…eu próprio.   

publicado por Inocêncio da Silva às 21:13

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