Dissertações e relatos de dois taberneiros sobre coisas mundanas...e não só.

14
Mar 08

Boas noites e bons ventos…

Junto de mim estão Vesalio e DaVinci, os dois aliados desta nobre casa sobre os quais recitei um prólogo há algum tempo atrás, e tal como prometido venho dar a conhecer um parecer mais ou menos técnico sobre algo que apoquenta não só as suas almas, mas também as de muito mancebo que desta modesta taverna se abeira: O momento da fidelidade.

Defino “o momento da fidelidade” como o segundo temporal em que um homem comprometido nega ou aceita um declarado “embrulhanço” no decorrer de um embate com uma moça que se tenha voluntariado para tal faina.

Tanto Vesalio como DaVinci já fitaram nos olhos a citada “Hora H” em mais que uma ocasião, e embora tivessem na mente objectivos diferentes, ambos retiram conclusões bastante parecidas.

Segundo estes senhores do renascimento, para se ser fiel é preciso ter vontade de o ser, e tendo em conta que para o sexo masculino é mais trabalhoso manter a abstinência do que prevaricar, facilmente se conclui que terá que haver uma vontade férrea para que a fidelidade se mantenha aquando de uma confrontação.

Recomenda-se uma presença de espírito permanente devido à natureza masculina em “saltar a cerca”, e nunca perder de vista a costa da “promessa dada” que viaja a bombordo.

Segundo DaVinci, existe um instante em que, tanto na guerra como no amor, se ganha ou se perde uma batalha, não sendo este caso uma excepção. É fácil um homem se deixar enovelar nas malhas do desejo, demasiado fácil… a sua natureza parece soprar nas velas da sua libido em direcção a quem porto lhe ofereça, mas haverá sempre um momento em que esse “homem prestes a atracar” será assaltado por uma frieza e clareza de espírito típicos de quem navega. A esse momento chama-lhe Vesalio “o momento da fidelidade” e será durante a sua curta existência que se apunhala a fidelidade ou a mesma se mantém incólume. Este momento existe em todos os relacionamentos humanos, sejam eles bélicos ou amorosos, e são determinantes no sucesso dos mesmos independentemente das circunstâncias.

DaVinci adianta algo mais pois segundo ele, um homem terá que ser fiel à sua própria palavra e consciência pois é com estas duas senhoras que se deita todas as noites…estando acompanhado na alcova ou não!

Apesar da tão malfadada fidelidade ser amplamente aceite pelos confrades masculinos, e algo ignóbil no meio feminino, logo, estes dois senhores tiveram a necessidade de traçar uma rota que os desviasse dos corais da dúvida e incerteza rumando sem incidentes por este mar de tormentas que são as relações quotidianas. A constância da palavra dada no passado a uma mulher é algo sagrado para eles e para as suas respectivas companheiras, e mesmo que a dita não seja merecedora de tal devoção, um homem terá que ser fiel a si próprio assim como à sua palavra.

Terá que duplicar as atenções com o passar do tempo, pois segundo os supracitados senhores a paixão desaparece sempre (ou quase sempre) primeiro nos homens do que nas mulheres…e penso ser inútil relembrar que quando a chama da paixão se começa a extinguir a chama dos olhos começa a despontar, e as atenções voltam-se novamente para o terreno de caça.

 

Fica a advertência…


 

Inocêncio da Silva

 

publicado por Inocêncio da Silva às 13:12

Parece-me que a infidelidade é um tema bastante recorrente nos teus posts...
tattoogirl a 22 de Março de 2008 às 23:22

Mais

Comentar via SAPO Blogs

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.


Março 2008
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
15

16
17
18
20
21
22

23
24
25
27
28
29

30
31


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
pesquisar
 
blogs SAPO